sexta-feira, 23 de junho de 2017

Sobre Sr. Áuster, Meu pai, Jesus, os Vida Loka e eu

Para quem não sabe, segue link do que aconteceu cm nosso irmão Sr. Auster.
Tambem segue o texto que o Gito me mando… (leiam e pensem… )





Wellington Vanzo




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Meu pai é militar da reserva.

Desde que me entendo por gente, a gente ficava com uma pulga atrás da orelha.

Porque tinha umas ligações muito esquisitas.

E depois uns caras muito esquisitos no portão de casa, olhando pra dentro.

E eu cresci envolto nesses cenários que beiravam o medo.

Então cresci e fui trabalhar com os filhos dos bandidos. Depois os "nóias" da Cracolândia. 

Depois com puta.

Depois com os filhos delas.

E então íamos na cadeia dizer pros bandidos que dava tempo de acertar o Caminho.

Na Faculdade do Crime que são as penitenciárias brasileiras, essa conversa é coisa de Doido.

Mas não é loucura esse tal de Evangelho? Confunde os sábios...

E lá vou eu...

Em todo canto que chego só me enrosco com as zicas.

Maluco babando de efeito de qualquer coisa.
Menino com a bermuda caindo, elástico frouxo de tanto pendurar trinta e oito.
Morro.
Nóia.
Zica.
157.
Dona Maria, vó que é mãe de menino que é gente boa. 
Morreu com caderno na mão. 
Bala perdida.

E meu pai, vítima recente de um assalto que lhe deu uns pontos na cabeça.

Lá vem ele com aquele sorriso no rosto.

Como é que explica?

É a consciência. Tranquila. Nunca apagou ninguém.

E sabe que um justo...

Aliás.

Um não.

O justo.

O Único justo.

Justifica-nos.

E ainda sai perdoando geral.

Distribuindo perdão e amor.

Anunciando que Deus está de bem com a gente.

Sabe o que é foda?

É ser discípulo do Justo.

Eu sou.

Aí que é osso.

Porque só dá pra ser discípulo aquele que quer seguir o mestre.

E o meu Mestre manda perdoar os caras.

Distribuir amor.

Nadar no rio da Graça.

Beber da água da Vida.

Setenta vezes sete repetidas vezes, tantas quantas necessárias.

Perdão de antemão.

Mesmo o desgraçado enchendo a cabeça do seu coroa de pontos.

Meu pai...

Traz um sorriso no rosto.

Que coisa é essa!

Pai! Caralho...

É que ele é também discípulo.

E me ensinou a vida toda nos caminhos do Senhor.

Não faria o mesmo agora?

Com erros e acertos.

Então me calo, desafiado por tamanha prova de pacificação.

E ouço duas vozes. As do meu pai e do nosso Pai:

Cuida dos meus pequeninos.

Puta que pariu...

- Para que eles sejam como tu, e vocês como Eu.

Puta que pariu, de novo.

E meu coroa diz: Se você continuar, a molecada vai ter uma chance de escolher a bola ao invés da Glock.

E lá vou eu.

Aos caras tipo cruz ao lado.

Tentando ser discípulo.

Perdoando de antemão.

Lutando por Justiça.

Questionando o sistema.

Porque o molequinho que pendura Glock na bermuda.

Lá atrás.

É vítima.

Dos vagabundos eleitos que pedem grana pra empresário.

Dos bacanas que votam verbas para políticos ao invés de para escolas.

Da ganância de todos nós quando longe da Cruz.

A gente é mal, véi.

E longe da cruz a gente se arma e vai pra guerra contra o nosso irmão.

A cruz é que nos faz guerrear contra nós mesmos.

E derrubar o sistema.

Que começa com a minha queda.

Queda para o bem.

Quando se vence a si mesmo.

Ou quando Deus me regaça, me arrebenta, me detona... para o meu próprio bem.

Mancando, aleijado, ferrado. Mas cheio da bênção.

Nova consciência.

Esse que é o lance.

E isso que é foda.

Porque é mais fácil construir mundos que transformar mentes.

É onde está a batalha.

E é por isto, que amanhã vou na favela pra falar pros moleques largar a correria pra lá, a Glock no canto, o medo bem longe, a dor e a raiva no lixo, pra que eles saibam que nesse negócio chamado vida, a gente encontra sentido quando a gente encontra Jesus.

Só.

Porque sem ele...

Tudo é sem sentido.

Tudo é uma bosta.

E a nossa justiça, nosso senso de justiça. É um trapo de imundícia.

É absorvente usado.

Conforme disse o apóstolo que tentou justiça com as próprias mãos.

Até perceber-se justificado.

E ter uma queda lascada.

E recomeçar em silêncio uma transformação de consciência.

A tal da Metanóia.

Que ele disse que deveríamos ter quando nos inconformássemos com o Sistema do mundo.

Só assim que a gente consegue experimentar qual é a boa, agradável e perfeita bondade de Deus.


Em oração por Sr. Auster, que foi assaltado e ferido nesta manhã.
Por meu pai que ainda sofre as consequências do assalto de 3 semanas atrás.
E por mim.
Contra meu senso de justiça, se sou discípulo de Jesus.
Preciso de Metanóia.
Se você também, ore contra si mesmo, à favor do Reino de Jesus.

Gito.





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