terça-feira, 30 de julho de 2013

PROJETO OÁSIS NO DESERTO - JULHO 2013 - CAMINHO NAÇÕES - RELATOS DA JORNALISTA TATYANA JORGE





PROJETO OÁSIS NO DESERTO - JULHO 2013
RELATOS DA JORNALISTA TATYANA JORGE
 
 
A NIGÉRIA, A URBANIDADE, O VELHO SÁBIO, OS BRASILEIROS MALUCOS E O MEU CONTÁGIO DE FÉ.
 
 
 
"Fiquei emocionada com a maneira como aquele homem acredita que o povo dele pode e vai ser mais feliz. E me dei conta que aqueles brasileiros "malucos" só tinham largado suas famílias e ido parar na África, porque compartilhavam da mesma crença. Naquele momento, passei a acreditar também."
 
 
Se há um país onde vivem Anjos, este país é a Nigéria. Aliás, ali deve ficar a Sede da Associação Internacional dos Anjos. E como eles têm trabalho para cuidar das pessoas! Acredito que façam hora extra todos os dias. E explico a razão.
 
Primeiro o trânsito é caótico.

Andar de carro lá, só com "muita emoção", como costumamos brincar. As ruas, avenidas e estradas são completamente esburacadas. E quando digo completamente é porque há mais trechos com buracos do que lisos. E cada cratera... Isso quando o lugar é asfaltado, o que é um luxo. A situação é pior no interior. A noite, então, não há iluminação alguma. E como os veículos são muito sucateados, as vezes nem farol têm. Faixas de sinalização eu não vi nenhuma, e acredito que eles aprendam na auto escola ( será que existe isso lá?) a dirigir na contramão em alta velocidade.
 
Fora as motos. Cinco, seis pessoas em cada uma. Isso é normal, assim como não usar capacetes. Acredito até que eles nunca foram apresentados a um. Houve um momento em que os carros estavam lotados, e eu logo me candidatei para ir de moto com outras duas pessoas. ( Só três, em uma motocicleta. Para eles estava sobrando espaço.) E foi uma experiência muito boa. Não sei como o piloto conseguia enxergar alguma coisa no meio da escuridão, eu tentava, mas me parecia impossível. Em compensação, as estrela brilhavam forte no céu, assim como uma lua que parecia tirada de alguma pintura.
 
Quem pilotava não cansava de se desculpar pelos inúmeros e profundos buracos. E eu só pensava: " Esse cara é fera. A gente nem caiu ainda".
 
Sim, vimos de perto um acidente envolvendo duas motos. A passageira de uma delas teve um ferimento leve no joelho, e eu só tinha as mãos um curativo, que ofereci e que ela aceitou toda agradecida. Mas pelo homem que pilotava a outra moto, eu não pude fazer nada. Ele estava todo machucado, com o rosto em carne viva. E o que todo brasileiro pensaria nesta hora? Chama a ambulância! Pois bem, aqui neste país você só tem socorro se pagar por ele. E o homem continuou lá sem que soubéssemos o que fazer. Nem ele sabia. Foi quando outros nigerianos se aproximaram para ajudar.
 
Já de volta ao carro, Michael, um rapaz nascido na Nigéria, que vez ou outra auxilia os voluntários, ficou espantado quando dissemos que no Brasil o homem machucado teria socorro de graça. Queria saber quem pagava por isso. E Tiago, um dos voluntários, explicou que é o governo. "E de onde vem o dinheiro?",questionou o jovem africano. "Dos impostos. Quase 5 meses, do que trabalhamos por ano, são pagos em impostos ao governo", o brasileiro explicou.
 
"Quase o mesmo que o pastor cobra dos pais para que as crianças deixem de ser bruxas", destacou Michael. Eu não tinha me dado conta disso...
 
Com este trânsito para lá de confuso, com gente grande que acredita em crianças bruxas, com assassinatos e torturas, dá para entender porque os anjos têm muito trabalho por aqui.
 
E vez ou outra encontramos um de carne e osso, ajudando aquela gente que tanto precisa. E neste momento me preparo para contar a história de Mister Medekong, o chief (chefe) da região de Oron. Os chiefs são líderes de determinadas áreas. Para tocar o coração de uma comunidade, é preciso antes tocar os deles. Se vestem com uma roupa pomposa, e suas opiniões são muito valorizadas e respeitadas. Alguns aproveitam disso em seu favor, mas Mister Medekong é um exemplo de bondade.
 
Os voluntários o conheceram quando ajudavam alguém em Oron e descobriram que ele também era contra a idéia de crianças serem consideradas bruxas.
 
Fomos então fazer uma visita a este homem de quem eu tanto já tinha ouvido falar bem. Os voluntários entraram na casa dele com a reverência de quem logo estaria diante de um sábio. E minutos depois, quando Mister Medekong entrou na sala, se sentou e começou a falar, percebi que os brasileiros tinham toda razão. Eu estava mesmo diante de um anjo- humano, que nada mais fez do que falar das preocupações com sua gente. Aliás, é dele uma frase recorrente. "Sejam pacientes com meu povo", diz sempre que alguma situação indigna os brasileiros, e com aquele jeitinho, ele consegue melhorar a vida dos seus.
 
O corpo mais franzino do que nas fotos nas prateleiras mostrava que a pneumonia estava maltratando aquele senhor de mais de 70 anos. Um ancião, já que a expectativa de vida da Nigéria é de 47 anos.
 
Fiquei emocionada com a maneira como aquele homem acredita que o povo dele pode e vai ser mais feliz. E me dei conta que aqueles brasileiros "malucos" só tinham largado suas famílias e ido parar na África, porque compartilhavam da mesma crença. Naquele momento, passei a acreditar também.
 
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UMA MANHÃ, UMA CANÇÃO ETERNA, O ALOJAMENTO MELHORADO, AS GRACINHAS SOLIDÁRIAS E A RAINHA.
 
Quando o sol invadiu o cômodo onde dormíamos e me acordou senti uma paz. Olhei em volta e no meio tudo aquilo, quase não entendi a razão.

Resolvi tomar banho. Precisava desesperadamente sentir a água caindo na minha cabeça, mesmo que fosse gelada, como é aqui.
 
Até pouco tempo atrás o banho no orfanato seria de caneca, em uma bica. Mas graças ao trabalho do surfista e também voluntário do Caminho - Nações, Jojo de Olivença, pude tomar banho de chuveiro. Ele construiu dois banheiros completos, com duchas e vasos sanitários. Antes, as crianças tinham apenas um buraco na terra onde faziam as necessidades fisiológicas. Fui até lá ver como era. E confesso que fiquei impressionada com a cena. Nem fossa para coletar as fezes tinha. Ficava tudo ali. O Léo me contou que viu o dia em que uma das meninas entrou ali, e sem espaço limpo, resolveu sair e fazer as necessidades do lado de fora. Tamanha era a sujeira. Mas isso já são águas passadas, para o bem e para a saúde das crianças.
 
De volta ao meu banho, apesar da sensação da água fria percorrendo meu corpo não ser das melhores, me senti aliviada. Só tinha algo que ainda me preocupava. O espaço dentro do banheiro, onde ficam as duchas, construído para as meninas, tinha um muro alto o suficiente para cobri-las, mas não a mim que sou mais alta. Sem luz, com a porta fechada, quase não era possível enxergar. Eu ficava me esgueirando para não ficar a mostra para quem passava lá fora. Foi quando percebi que as meninas, sem que eu precisasse dizer uma só palavra, cercaram o banheiro e não deixaram nenhum menino passar. Eu, que vim aqui com a intenção de ajudá-las, estava sendo ajudada. Só uma das muitas surpresas que teria.
 
A próxima não demorou a acontecer. Ainda no banho ouvi uma voz doce, como a de um rouxinol, a cantarolar algo que me pareceu uma canção gospel. Linda. Quando sai do banheiro, minhas amiguinhas me esperavam com aquele típico e contagiante sorriso. Agradeci o cuidado comigo, e logo procurei a dona daquela voz tão cativante. Regina é o nome dela. Significa Rainha. "My little queen", passei a chama-lá, para a alegria da pequena. Os cabelos curtos, como de todos ali; a pele negra, mas um pouco mais clara; e os olhos amendoados, com um toque de cor de mel, logo me cativaram tanto quanto o sorriso fácil daquela menina doce, que já sofreu tanto. Ela me contou, dias depois, que viu a mãe morrer, e o pai, sem saber o que fazer com ela e com o irmão mais novo, os deixou no orfanato. Me deu um nó na garganta, que engoli dizendo: "Pensa por outro lado, olha quantos irmãos e irmãs você tem agora. Uma família grande e linda. E agora você também tem a gente". Ela olho para o alto como se pensasse no que eu havia dito, abriu um sorriso franco e me abraçou." Sabe aquele nó na garganta, pois é... Nessa hora, deu nó na alma.
 
Dali em diante ela passou a acompanhar todos os meus passos. Assim como a Merci, a Blessing, a Peace, a Victoria e tantas outras garotinhas lindas. Notem que os nomes. O que significam. Quando nasceram, os pais daquelas crianças, hoje órfãs, queriam que elas representasse gratidão, benção, paz, e vitória. Acredito que elas ainda tenham chances de ser tudo isso e muito felizes.
 
E vou explicar melhor a razão depois, quando contar a história de uma outra menina que foi resgatada pelos voluntários...
 
 
Tatyana Jorge - Jornalista da TV Tribuna, integrante da Expedição Oásis no Deserto - Caminho Naçoes.




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Decisões de vida e morte no dia a dia do Caminho Nações


 
Projeto Oásis no Deserto | Decisões de vida e morte no dia a dia do Caminho Nações
DE VIDA E MORTE NO DIA A DIA DO CAMINHO NAÇÕES
Um sacrifício, uma salvação, um orfanato!
Ano de 2012. Sul da Nigéria.
Caso: Michael, 7 anos, "criança-bruxa" resgatada pela equipe Way to the Nations (Caminho-Nações) na África.
Ele que nos procurou com a cabeça rajada vazando a ferida de uma pancada tomada com uma barra de ferro. Michael. Vamos salvar o Michael. É para isso que o Leonardo, diretor na Nigéria, está programado aqui no Campo.

Mas a polícia mandou devolver o Michael ao pai que o expulsara de casa. O pai foi obrigado a receber de volta o suposto causador de sua miséria, o menino que amaldiçoou sua casa e impedia a prosperidade prometida nos "sacrifícios" encomendados no templo "evangélico" que alimentava as loucuras dessa superstição (UNICEF, 2010).

Michael tinha medo do pai. Michael não tinha mãe. Michael só tinha a gente. Mas a gente cumpriu a ordem policial. Estigmatizar crianças na Nigéria agora é crime. Mas é lei de papel. Nossa equipe suspeitava de maus-tratos persistentes. Tivemos que manter o menino sob fiscalização nessa volta ao "lar".

Leonardo foi vê-lo, então. O jovenzinho estava jogado na lama em frente sua casa, tratado feito um cão. Entrevistado, dizia baixinho e assustado que durante o dia era posto para fora, e durante a noite seu pai o trazia para dentro. Ele estava com fome, com sede, sem roupas. O Leonardo não pensou duas vezes e seguiu seu instinto: vamos levá-lo daqui agora!
Michael teve um dia muito especial com o Leo, foi vestido e alimentado.
Comeram juntos, riram, trocaram afetos, e ele conheceu a história do homem mais amaldiçoado nesse mundo dos homens, Jesus – Aquele que disse que dos pequeninos pertencia Seu Reino. Michael ficou sabendo que o Reino de Deus é o Reino do Michael!
Mas e agora? Que decisão tomar? Devemos arrancar o menino de seu pai-carrasco mesmo contra a ordem policial, correndo o risco de sermos expulsos do país e abandonar todas nossas outras crianças? Não tínhamos ainda nosso orfanato à época e levá-lo poderia se configurar em sequestro num lugar de tráfico de órgãos e da mediação criminosa de corretores-de-crianças que as vendem para pais inférteis em países ricos.
Então, a equipe se reuniu. Nossos amigos nigerianos, conselheiros, procuravam convencer o Leo dos riscos de manter o garotinho conosco. Temeram pela deportação do Leo, que acabou ficando sem o apoio do staff na ânsia que tinha de sequestrar o Michael. O que todos temiam era perder o Leo. Compreensível. Ele, por fim, acatou os conselhos do bom-senso e da auto-proteção da Missão. Promoveu-se um encontro com o pai para tentar mudar sua consciência, implorando que revisasse sua fé, que não tem qualquer correspondência com o Evangelho que um dia já inspirou o cristianismo. Mas fundamentalistas são pessoas descerebradas, arrogantes, cheias de ódio e certezas inabaláveis que escondem um medo desgraçado de tudo e de todos! Um fundamentalista não se enxerga. Ele só enxerga conspirações.
Fim desse dia de acolhimento, uma moto foi alugada and bye-bye little boy!
Nunca mais vimos o Michael.
Tentamos muito.
Mas nunca mais ninguém da vizinhança viu o Michael.
A verdade é que enviamos o Michael de volta para os braços da morte.
Inconformado, o Leo o procurou por muito tempo, em muitos lugares, como quem procurar uma remissão para sua própria decisão. Se ele encontrasse o Michael já tinha prometido no coração que ninguém o arrancaria de nós, nem polícia, nem distâncias, nem liderança alguma (Sinceramente, sei que se trata de um delírio apaixonado de alguém que já não teme mais). Foi um ano caminhando por abismos e florestas, e nada… Alguém resolveu ajudar o Leo: Man, desista. Só você não sabe que o menino já esta morto! Acabou!
Sim, o Michael é mais uma vítima dessa insanidade que bruxificou a alma dos cristãos por aqui, a ponto de abandonarem seus filhos. O Michael foi assassinado aos 8 aninhos… O Reino de Deus é o Reino do Michael…
Mas deixa-me contar só mais uma história. Garanto um final feliz. Eu não sou tétrico. Eu queria que só houvessem finais felizes… Mas quero que você faça a conexão entre as história, e o peso de vida e morte em cada passo que se dá nesse chão de armadilhas.
Porque foi o Michael que salvou o Bobó.
Caso: Ito Thompson, apelidado Bobó, de 4 aninhos, foi encontrado pelo Way to the Nations à beira da morte no orfanato que o recolheu para mantê-lo em estado de desgraça controlada e fazer dinheiro com ele. Mas perderam o controle. O menininho teve uma parada cardíaca na semana que vinha evacuando sangue, e ninguém estava nem aí… Esquelético, desnutrido, com o intestino prolapsado devido a total falta de gordura que sustentasse seu reto, o Bobó ia morrer!
Só que não…
Todo mundo salvou o Bobó. Você salvou o Bobó. O Leo salvou o Bobó. Mas foi o Michael que salvou o Bobó.
Porque o Leo lembrou do Michael e disse: Não, agora não! Agora vai ser diferente! E arriscou-se tudo pelo Bobó, e fechando os ouvidos para os receios, tiramos o menino do orfanato no qual ele está registrado sem consultar seu "dono", depois o arrancamos do hospital local que nos cobrava as diárias da enrolação! O "médico" saiu correndo atrás do carro, gritando que o menino não recebera alta ainda. O Bobó, na verdade, estava bem pior depois dos cuidados dessa clínica local. Então, mandamos reforços do Brasil, contatamos amigos em Lagos, a São Paulo nigeriana, encontramos um hospital de cirurgiões e pediatria, e aí o Leo sequestrou o Bobó de vez e o colocou dentro de um avião para Lagos. Ao desembarcar, o Leo foi preso sob suspeita de tráfico infantil. O Tony, enviado do Maranhão, prosseguiu com a Missão e internou o Bobó. O Brasil pagou tudo que foi preciso. O Bobó ganhou peso, vitalidade… Até sorriu. Foi operado. Seu intestino foi posto para dentro de novo. Sua nutrição garantiu o sucesso da intervenção.
Da cadeia, o Leo lutou por sua libertação e ligou aos berros para a embaixada inglesa. Mineiro com cidadania britânica, o Leo assustou os policiais que não conseguiam provar nada contra ele, e foi liberado, pegou um avião para qualquer parte do mundo, pousou na Turquia, e de lá voltou para casa, em Londres, para dormir em paz com a Ayla e seus dois filhotinhos.
Bobó caiu de amor nos braços do Tony, seu Dad… E juntos cantavam a música brasileira do Rappa: Valeu a pena, valeu a pena! Sou pescador de ilusões…
Michael finalmente caiu de amor nos braços de Deus, seu Dad
Bobó voltou ressuscitado para o orfanato.
Mas a gente nunca mais vai devolver nenhum pequenino para quem não os ama. Por isso, o orfanato hoje é nosso! Cinquenta e oito crianças que o Bobó salvou, que o Michael salvou…
"E quem irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração.
E quem irá dizer que existe razão."
Michael, um beijo na sua alma, filhote. Valeu a pena!
Em julho de 2013
De Dakar, Senegal
Dr. Marcelo Quintela
Diretor do Way to the Nations
 
 
 
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domingo, 28 de julho de 2013

AS PEDRAS NO CAMINHO SE TORNARAM O ÚNICO CAMINHO POSSÍVEL. - Marcelo Quintela

 

E deu tudo certo!
 
Continuaremos no orfanato!
 
Vencemos os argumentos do Bispo – o ex-administrador inoportuno – na reunião com a presença da Assistente Social do estado. Mas vencemos pra valer. Goleada. Sem chance, sem choro nem vela... E vencemos porque chegamos à reunião desistidos de tudo conforme descrevi no texto "Estamos na merda". Não vencemos porque brigamos. Vencemos porque não entramos na briga. Não vencemos porque batemos o pé, vencemos porque arriscamos perder tudo!
 
Sim, depois que você se rende, depois que não tem mais o que ser feito, depois que não se vê mais perspectiva alguma e os ombros caem mais do que você os consegue suportar, aí você só sai da frente... E deixa a Missão nas mãos da Confiança (o que não é nada fácil pra gente como a gente que gosta de problema, só pra tentar encontrar a solução).
 
Mas Deus ainda é Deus! E o Senhor da Seara ainda é o Dono dela! E as crianças ainda são nossas, e a autonomia no orfanato cresceu, e as evidências venceram.
 
Ora, não somos ingênuos. Sabemos que o Bispo engoliu perder pose e dinheiro só por um tempo... Ele não vai demorar a gritar. E nós já começamos a procurar outro lugar. Ninguém consegue dormir com o inimigo para sempre. Expulsá-lo aos berros não é nossa índole. Seria bom que Deus o levasse. Mas não vamos orar por isso.
 
O barco virou mesmo para o velhinho avarento quando nós falamos diante das autoridades mediadoras: "Não viemos para a Nigéria abrir um orfanato. Nós viemos pregar contra a bruxificação infantil do cristianismo de mercado, e resgatar as crianças já rotuladas, buscando reconciliá-las com suas famílias. Esse orfanato só entrou na nossa vida quando vimos as dificuldades aqui e nos apaixonamos pelas crianças. O Way to the Nations veio para ajudar. Se estivermos atrapalhando a gente vai embora. Se estivermos sendo atrapalhados, a gente vai embora. Temos muito o que fazer aqui, mas também temos muito o que fazer no mundo todo... No Senegal, o governo nos apoia; no nordeste do Brasil o seca desgraça tudo; outros países com crianças escravas ou estigmatizados clamam por ajuda... Então, vocês decidem!"
 
Silêncio. E uns olhavam para os outros.
 
A Assistente Social não contava com isso, porque pensa que a gente vive da desgraça de órfãos e "bruxinhos" e supõe que já construímos nossos castelos-de-areia-missionários com a grana que se arrecada. O Leonardo ressaltou que estava ali acompanhado somente por voluntários, todos vivendo por sua conta, e cada um trazendo sua colaboração e dom!
 
A reunião foi no próprio orfanato. A assistente social viu o banheiro, a fossa consertada, a cozinha em reforma, a biblioteca, a brinquedoteca, o fogão, o campo de futebol, e uma equipe suando amor na direção das crianças.
 
Está nas mãos dela.
 
Mas não está.
 
Está nas mãos de Quem nunca perdeu o controle.
 
O cheiro também passou!
 
Agora chove.
 
Obrigado a todos por cada lágrima sendo derramada!
 
Obrigado a cada mano querido que embarcou nessa expedição e passou as maiores privações de toda a vida!
 
Vamos voltar trazendo os frutos.
 
Marcelo Quintela, a caminho do Senegal, entre as pedras...


 
 
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ALGUNS RELATOS DA JORNALISTA TATYANA JORGE - PROJETO OÁSIS NO DESERTO | JULHO 2013 - CAMINHO NAÇÕES




 
Nunca as esquecerei... Vou lembrar do sorriso de cada criança... Elas mudaram meu jeito de encarar a vida! E a equipe de voluntários do Caminho Nações também. Eles me surpreenderam. Já sabia que faziam um trabalho lindo lá, mas vê-los salvando vidas, literalmente, foi emocionante. Se todos fossem iguais a vocês... O mundo em que vivemos seria tão melhor. Parabéns, Meninos.
 
.........................................
 
 
Não tenho o hábito de escrever muito neste espaço, mas tenho passado por experiências tão incríveis que resolvi dividi-las com vocês, pessoas queridas. Por isso, a partir de agora, sempre que tiver acesso a internet, vou contar-lhes pelo que estou passando na África. Começo explicando por que vim. Tem uma associação humanitária brasileira, chamada Caminho - Nações, que tem um braço em Santos, minha cidade querida. Eles vieram para cá primeiro para lutarem contra uma coisa absurda que é a idéia de crianças bruxas. (Acredita que tem pai que tortura e até mata o próprio filho só porque alguém disse que ele é bruxo?! E mais, ser bagunceiro já é um motivo para ser considerado bruxo!) Os voluntários brasileiros e alguns amigos nigerianos continuam nesta luta, e agora assumiram um orfanato, que também tem crianças consideradas bruxas. Pois bem... Conheci o trabalho no Brasil, me apaixonei, e fiz de tudo para acompanhá-los. Queria ver de perto se tudo aquilo era verdade, e mais, se fosse, mostrar as pessoas aquele trabalho tão importante para salvar vidas, que sem eles, certamente não durariam muito.
 
Vou começar contando da viagem. Não tem voo direto Brasil / Nigéria. E para a passagem sair mais barata, a conexão foi em Dubai. Foram 14 horas dentro do avião. Chegamos lá e tínhamos 8 horas até pegarmos o próximo avião. Mas era de madrugada. Mesmo assim resolvemos dar um passeio. Ainda dentro do aeroporto, (lindo por sinal) gravei uma passagem para a tv. E não foi que os seguranças, vestidos com uma roupa branca longa e turbante, quase prenderam a gente?! Fiz amizade com um deles, e foi assim que conseguimos evitar uma confusão ainda maior.
 
Felizes por podermos sair do aeroporto, quando abrem-se as portas, o calor de 41 graus, a noite. Ufa! Dava vontade de dar meia volta e retornar para o ar condicionado. Mas fomos corajosos (kkk), afinal, Dubai estava diante de nós.
 
Pegamos um taxi, com sou mulher, a taxista muçulmana tinha que ser mulher. Ela me contou que não podia ter apenas passageiros homens, e que mulheres não podiam pegar taxi com homens. Fizemos um pequeno tour por ruas muito bem planejadas, e iluminadas. Aliás, parecia Natal, de tanta luz. Mas todos concordaram que estava lindo.
 
Com as lojas fechadas, fomos a praia. Não há iluminação e as estrelas ficam ainda mais brilhantes. Depois caminhamos por uma bela rua, até encontrarmos uma lanchonete aberta, afinal, eram 3 horas da manhã. E tinha bastante gente, porque eles estão no Ramadã, quando os muçulmanos comem apenas a noite.
 
Voltamos para o aeroporto para encararmos mais 8 horas de vôo. Então percebemos como seriamos vistos dali em diante. Estavam nigerianos, indianos (que trabalham nas empresas de petróleo, na Nigéria) além dos chinese, (que são mão de obra no país.).Brancos, apenas nosso grupo. Branca, só eu. A única mulher. Todos me olhavam como se fosse um extra terrestre, e confesso que não liguei. Estava preparada para o que viesse, e sabia que muita coisa ainda iria acontecer.
 
Abro agora um parenteses porque preciso contar para vocês que há um ano, quase por acaso, conheci o projeto do Caminho - Nações para salvar as ditas crianças bruxas . Naquela ocasião, disse ao coordenador da missão, Marcelo Quintela, que gostaria de acompanhar o trabalho na Nigéria e ele disse que nunca levaria uma mulher até lá porque é muito perigoso. Há assassinatos e estupros demais. Além disso, seqüestrar uma mulher branca pode ser um bom negócio por lá. Rende um bom dinheiro. Kkkk. E é um país em que as leis não são muito respeitadas. Fora a corrupção, todo mundo cobra propina, que é quase legalizada.
 
Tanto desejei conhecer tudo isso, que depois de muito tempo, sou a primeira mulher que vem do Brasil acompanhando uma missão. E logo mais vocês vão entender melhor porque é tão difícil...Aliás, não há seguro para o local para onde vamos, e os sites de viagem dizem para "nunca ir para lá". Perigoso? Um tantinho... (kkk)
 
No dia em que cheguei a Lagos, começou efetivamente uma aventura. Foram quase três dias viajando para encontrar uma cidade caótica, onde os policias gritam toda hora, usam metralhadoras, apontam-as para você e ainda cobram "uma ajudinha em dinheiro para que fiquem mais felizes". E isso só para você poder passar pela rua, sem fazer nada errado. Aliás, o Felipe Nogueira, educador que está conosco, estava gravando as ruas, de dentro do carro, e de repente viu um policial urrando e apontado a arma para ele.
 
Isso porque para sairmos do aeroporto, com malas cheias de doações, tivemos que pagar propina. E era tudo legal! Não tínhamos nada que não fossem roupas, brinquedos e sapatos!
 
Mas ali também descobri que estava diante de um povo cheio de contrastes. Muita pobreza, trânsito caótico... Mas pessoas maravilhosas. Ficamos hospedados as primeiras horas na casa de Karen e Bosco. Ela brasileira, ele nigeriano. Os dois se conheceram no Brasil e tiveram dois filhos, que hoje só falam inglês e que passaram a tarde com a gente enquanto fazíamos corações para a Ação do Coração que vai acontecer aqui na Nigéria também. A Karen fez um peixe delicioso, com salada e arroz, com cheirinho e gostinho de Brasil. Depois de quase de 40 horas sem comermos direito, nem dormimos deitados, (só cochilos sentados nos aviões) aquilo foi maravilhoso.
 
Como precisávamos avisar nossas famílias que apesar de tudo, estávamos vivos, fomos para um hotel (bem simples), para usarmos a internet. Um policial viu que eramos brancos dentro do carro e impediu nossa passagem querendo dinheiro, mas Bosco, nigeriano, conseguiu contornar a situação. Dormimos apenas 4 horas, afinal, no dia seguinte pegaríamos outro voo, agora mais curto, até, Uyo, capital do estado Akwa Ibom, no sul da Nigéria. Lá muita gente pediu para tirar foto com os "brancos". Curioso, né? E eu que estava impressionada com as roupas coloridas e turbantes das mulheres. Tudo muito bonito.
 
Hora de encarar a estrada até Oron, uma base da associação humanitária Caminho- Nações, e lá eu conheci a história de uma família que me chocou... Mas isso conto para vocês depois...
 
Saibam que aqui estamos todos muito felizes por podermos fazer alguma coisa por estas crianças que não têm quem olhem por elas. Um grande beijo a todos.
 
 
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Chegamos em Oron, o "olho do furacão" quando o assunto é "criança bruxa". Não foi a toa que o local foi escolhido para abrigar a primeira base do Caminho - Nações. O local simples, logo virou uma referência para quem "descobre" que tem um filho bruxo e não sabe o que fazer. E também para pessoas que vêem crianças sendo torturadas e querem pedir ajuda. Assim, muitos e muitos casos são descobertos pelos voluntários brasileiros.
 
Logo que chegamos fomos visitar uma família ajudada pela associação humanitária. Os pais a procuraram porque alguém disse que as duas filhas mais velhas eram bruxas. Léo, ( Leonardo Rocha dos Santos) o diretor do projeto na Nigéria, foi logo dizendo que isso não existe e por que é mentira.
 
Aqui preciso explicar como nasceu esta história de crianças bruxas. Não é algo que existe desde os primórdios na Nigéria. Pelo contrário, é um fenômeno até recente. Quando a família tem algum problema, seja qual for, doença, pobreza, os pastores da igreja dizem que a culpa é da criança que é bruxa. Para que ela deixe de ser, os pais precisam pagar um valor alto demais para o pastor fazer uma espécie de exorcismo. Que inclui atos de tortura como furar cabeça da criança com pregos e jogar água fervendo nela.
 
Quando a família não tem dinheiro, ela mesmo tem que dar fim a criança, para que a vida de todos volte a melhorar.
 
O que o Léo explica a eles, todos cristãos, é que Jesus nunca faria mal a crianças e usa trechos da bíblia para comprovar isso. Um trabalho que precisa ser feito com os pais, e com toda a comunidade em volta. Desta maneira ele não só evita que a criança sofra, como permite que ela continue perto dos pais e irmãos.
 
No caso que comecei a narrar lá em cima, Léo não se contentou em convencer a família de que as filhas mais velhas eram normais. Ele também quis conhecer a casa onde a família morava. E lá descobriu dois bebês, gêmeos, extremamente magros, jogados no chão, cobertos de urina e moscas. Para a família, eles estavam assim por causa da bruxaria das meninas mais velhas. Para Léo, e para o médico que ele levou lá, as crianças estavam assim por causa da desnutrição. Foi então que associação
humanitária passou a ajudá-los com comida apropriada.
 
Nesta nova visita a casa deles, os gêmeos, já estavam bem melhor. Um deles consegue até dar os primeiros passos. Uma alegria para aqueles que tanto têm lutado para salvar aquelas vidinhas.
 
E sabe quais são os nomes dos bebês? Promisse e Praise. O que significa Promessa e Louvor.
 
Mas esta não é a única história a ser contada... Um pouco mais afastado dali fui conhecer Emília, uma menina que não podia andar, e que tinha uma corcunda. O pastor não a acusou de bruxaria, mas sim ao irmão dela, que quase foi degolado. Quando isso iria acontecer, um bom samaritano chamou o pessoal do Caminho - Nações, e o jovem foi salvo. Léo levou a menina ao hospital e descobriu que ela tinha tuberculose óssea. Tratou, e a garotinha que conheci, hoje anda perfeitamente e não tem mais a corcunda. Já o menino, eu o vi pedir aos voluntários para ser levado para o orfanato porque não aguenta mais sofrer com o preconceito da comunidade que ainda acredita que ele seja bruxo. Você consegue imaginar isso? Uma criança pedindo para ficar longe das pessoas que ama porque os outros a volta a maltratam demais? Pelo menos no orfanato, ele vai ter a chance de estudar e não será mais visto como um bruxo. Os voluntários aceitaram, mas ele vai continuar visitando a família, e quando for possível, voltará para casa. Enquanto isso a associação humanitária paga o aluguel e a alimentação daquela família miserável.
 
Há ainda a história de Michael, muito, mas muito mais triste... Que eu conto para vocês depois porque agora estou muito emocionada para continuar escrevendo. Beijos a todos, repletos de carinho.
 
 
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Michael também foi considerado uma criança bruxa, e o pior, pelo próprio pai que se diz uma espécie de sacerdote. O tio tentou matá-lo com uma machadada, e foi assim, com um grave ferimento na cabeça que Michael conseguiu fugir e foi pedir socorro na base do Caminho - Nações, em Oron.
 
Muito ferido, ele foi recolhido e cuidado pelos voluntários. Mas a polícia obrigou o pai a receber de volta o filho. Então, a equipe brasileiro iniciou o trabalho de convencimento da família de que criança nenhuma é bruxa.
 
Tempos depois, como sempre acontece, voltaram para ver como estava o menino, e para tristeza deles, o encontraram todo sujo de lama, e os vizinhos disseram que o pai saia para trabalhar de manhã e colocava o Michael na rua, sem nada para comer ou beber. O menino ficava próximo a sua casa até que seu pai voltasse a noite. Na rua continuou sendo alvo de preconceito. Como não tinham a posse legal de Michael, o Caminho-Nações denunciou o pai às autoridades, e os brasileiros tentaram conseguir algum documento do governo que os possibilitasse salvar o menino.
 
Mas não deu tempo. Assim que voltaram, o jovem já tinha desaparecido. Ninguém sabia dele. Por meses, Léo andou pelas redondezas em busca de notícias, até que alguém disse que o menino já estava morto.
 
O mundo dos voluntários desabou. Como assim alguém o teria matado? Era apenas uma criança? E o Caminho - Nações já tinha mostrado que queria ajudar!
 
Mas eles não se deram por vencidos. Eu os acompanhei quando voltaram ao vilarejo do pai de Michael. Um lugar muito pobre, onde a nossa chegada fez com que quase toda a população do local viesse ao nosso encontro. Todos nós sentíamos que estávamos em perigo. Ligar a câmera ali foi muito arriscado, mas eu não podia perder esta chance.
 
Comecei então a me aproximar das mulheres. Gravei suas roupas diferentes, os penteados elaborados, disse que as achava bonitas, e assim o ambiente ficou mais simpático, pelo menos para mim.
 
A minha frente estavam o Léo, Marcelo Quintela, Ruan (todos voluntários) conversando, ou seria discutindo, com o pai de Michael. A cada desculpa que o homem arrumava para o desaparecimento do filho, os brasileiros ficavam mais indignados. Logo ficou claro que eram muitas mentiras, porque eram muitas as contradições também.
 
Graças a simpatia das mulheres, comecei a gravar aquela cena, mesmo percebendo os olhares nada amigáveis de muitos que ali estavam. Me sentia protegida por elas de alguma maneira.
 
Ficou decido então que iríamos a casa na mãe de Michael, que fica em um outro vilarejo. O pai foi nosso guia. Pensado bem, agora, percebo a loucura que fizemos. Seguimos um homem que não gostava de nós, claramente mentiroso, que pode ter matado o próprio filho, por caminhos fechados, no meio do nada. Poderíamos nos tornar vitimas também. Mas ninguém pensou nisso naquela hora. A vontade de encontrar Michael era tamanha que só a possibilidade disso acontecer já nos deixou empolgados.
 
Chegamos onde o carro não mais podia passar. Agora teríamos que continuar a pé. Até muros pulamos. Nem o pai do menino parecia saber ao certo onde estávamos indo. Quando encontramos a casa, fomos recebidos pela a avó materna de Michael. Lá dentro a mãe se escondia, e depois de muita insistência, veio falar com a gente.
 
Logo avó, mãe e pai estavam discutindo. E sabe por quê? Porque nenhum deles sabia de Michael, nem o tinha procurado, nem queria saber o que tinha acontecido com ele! Apenas nós estávamos preocupados. Dá para acreditar. Saímos de lá, ainda acompanhados pelo pai, e percebi a tristeza nos olhos mareados de Léo. Marcelo começou a discutir com o pai, dizendo que ele nunca deveria ter desistido do filho. Tudo isso aconteceu no meio do nada.
 
De repente percebi quanto perigo corríamos, e caminhamos em passos acelerados até o carro. Agora não teríamos mais o pai de Michael como guia, e mal sabíamos sair de lá.
 
O homem continuou gritando, e os brasileiros se encontravam em um misto de revolta e tristeza por terem certeza de que Michael já não poderia mais ser salvo. Ou será que agora, ao lado dos Anjos, ele não está melhor do que naquele lugar, cercado por aquelas pessoas que tanto o maltrataram? Esse era nosso único consolo....
 
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Tatyana Jorge - Jornalista da TV Tribuna, integrante da Expedição Oásis no Deserto - Caminho Naçoes.
 
 
 
 
Playlist apenas com vídeos da Expedição Oásis no Deserto: http://bit.ly/18yobg5
 
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Contas para doações aos projetos Caminho Nações – Way to the Nations:
 
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DOAÇÕES
 
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