segunda-feira, 15 de abril de 2013

Salvar Crianças-Bruxas




"Não vim trazer paz, vim trazer espada!"

Posted: 15 Apr 2013 06:31 AM PDT




Se você não pode ser forte. Seja pelo menos humano. Quando o Papa e seu rebanho chegar não tenha pena.
Frejat e Dulce Quental

Amigos e Irmãos em Missão conosco,

No domingo que antecedeu nossa última cruzada, eu acordei virado do avesso. Já estava muito cansado. Exaustão e enjoo. E no dia anterior, durante o "Surf com a Comunidade" havíamos cruzado com os primeiros homens brancos que não fossem nós mesmos. Gerentes petrolíferos canadenses estavam "tomando umas" na praia:

Sabe quando vocês vão conseguir resolver esse problema? Nunca! Esse povo aqui não presta, é ignorante demais pra mudar.

O Leonardo lhes contou tudo que Deus já tinha feito durante os dias da expedição. Eles se surpreenderam... Percebemos, então, que nunca antes, algo tinha dado tão certo nesse sentido como estava acontecendo conosco!

Mas, domingo cedinho, já se ouviam as canções da igreja ao lado da pousada. Rica e ostentadora, cheia de gritos de guerra triunfalistas e vestida das vanglórias da "prosperidade".

Lembrei-me de que foi a primeira congregação na qual entramos e assistimos à reunião, sendo também a última, pois foi ali que o ultra-mega-super reverendo nos recebeu em seu escritório para dizer que se os porcos puderam ficar possessos, porque não as crianças? Em seguida, ele emendou: Sou contra a bruxificação infantil, mas não quero me meter, não posso fazer NADA! Levantamo-nos e fomos embora.

Encontramos muitos outros assim: Em cima do muro, polidos, políticos, covardes, rendidos, nem contra e nem favor... Eu já andava meio enojado de líderes que escolheram o pior lugar para ficar: em sua zona de conforto, sem correr riscos, sem se machucar.

Então, levantei da cama, num salto, decidido a encontrar gente como a gente: Pessoas dispostas a tudo! E eu sabia onde encontrá-las!

Acorda pessoal! Vamos, hoje vamos ao culto na Liberty Gospel, de Helen Ukpabio! Minha vontade era cruzar as linhas inimigas e dizer que a guerra contra a estigmatização infantil estava aberta e declarada e que não adiantava mais se fingirem de surdos. Dizer a eles que finalmente eles teriam diante deles o obstáculo de gente que crê em Deus! Nada de jornalistas, juristas ou hu­manistas. Lá, no fundo do meu coração, ainda cheguei a vislumbrar a possibilidade de uma conversa diplomática que abrisse, ao menos, um canal de discussão; considerando que eles NUNCA foram confrontados "espiritualmente" em sua insanidade. Na pior das hipóteses, guardei a orientação bíblica quanto a fazer calar os insubordinados, faladores frívolos e enganadores: eles devem ser repreendidos severamente para que sejam sadios na fé.

Pedimos ao motorista, o Emmanuel, que nos levasse à franquia mais próxima dessa grande denominação nigeriana. Ele olhou com estranheza para nós, e eu disse a ele: É isso mesmo meu amigo, L-I-B-E-R-T-Y G-O-S-P-E-L! Ok?

O Emmanuel estava todo engravatado, bonitão... Ele já sabia que iríamos fazer incursões pelas igrejas para continuar a con­vidar famílias para a cruzada de despedida no dia seguinte. Ele, porém, não imaginava que iríamos convidar justamente aqueles que têm causado tanto estrago na sociedade cristã daquele país, através de contínuas pregações, livros de Batalha Espiritual, filmes como aquele que apresentamos no Dossiê (End of the Wicked) e muitos exorcismos infantis.

A opinião do motorista eu já conhecia pelo que ouvia dos pastores o tempo todo: A Liberty Gospel é formada por gente que fica agressiva, raivosa, contenciosa... Eles invadem conferências humanitárias, impedem a ação das ONGs, abrem processos judiciais contra opositores... O povo deles se movimenta como um batalhão, paranoico. O "batalhão da prosperidade", do domínio de território mediante o declarar da autoridade do nome de "Jesus" e todas essas coisas que já são velhas e resignadas teologias fajutas do outro lado do Atlântico.

Assim que voltamos da visita, derramei meu coração junto aos meus amigos em Santos. (Às vezes, tenho de falar, colocar para fora, dizer como me sinto... Faço isso escrevendo para o Caio, meu pai na Missão; e outras vezes para o Bregantim, pastor do meu coração, que me lê e ouve quando estou indignado. Também me queixo com Rejane... No fundo, quero dela um carinho, um cafuné, e seguir adiante. Ela sempre me diz: Ai, ai, ai, Má... só se mete em confusão esse meu marido... Você gosta, né? Você só pode estar se divertindo, né? Eu acho engraçado ouvi-la falar assim e me restauro... rsrs...)
Dessa vez, escrevi para Santos, o mailing todo... Umas 300 pessoas. Escrevi sobre nosso encontro com os profetas do infan­ticídio. E transcrevo aqui para que não tenha de recontar a mesma história. Gostaria muito que vocês lessem, pois manifesta muito do espírito dos dias finais dessa primeira viagem.

Gente querida do Litoral Paulista,
Não consigo escrever porque a conexão é ruim, quando tem... E o tempo é curto, quando tem!

Mas preciso lhes dizer sobre a manhã desse domingo: Hoje falamos com o diabo. Dentro do escritório dela, cercado por um monte de homens imensos, ouvimos as maiores heresias que um ouvido cristão podia ouvir!

E para completar, ainda fomos amaldiçoados por mil gerações, mandados de volta para nossa área, nossa "Jerusalém" – ela gritava; e nosso país, porque aqui é território deles! Ela disse que queremos ficar ricos e fazer dinheiro na África (Meu Deus!), e que, respaldada na Bíblia, ela tinha autoridade para nos repreender e julgar! Ela já sabia da nossa existência e tinha mandado "espias" na primeira cruzada...

Nós a retrucamos, falando que Deus vai calar a boca assassina dela; falamos que nossa área são os confins de toda a Terra, e que nosso chamado era sobre todo território onde existia vida humana! Falamos que se ela não mudar e continuar pregando a violência contra criancinhas que, então, JESUS (e não nós) vai dizer a ela no Último Dia: Não conheço você!

Ela tremia. Nossa paz já ia fugindo de nós, dada a intenção dela de nos irritar com seu falar frenético...

Mas só perdi a calma de vez quando fomos enxotados do escritório. (Nós fomos levados para essa salinha assim que che­gamos à igreja, outra pessoa assumiu o púlpito e essa senhora, clone ukpabiana, arregalava os olhos e gritava: As crianças têm espírito de adivinhação! Voltem para a Jerusalém de vocês!)... Assim que saímos da sala, catequistas e obreiros nos assistiam com um sorriso debochado de canto de lábio.

O Adailton, então, sacudiu a areia das sandálias, simbolicamente. Depois o Leonardo: Você reconhece esse gesto? E eu, em seguida, tirando a poeira dos nossos pés e dizendo aos berros: Viemos em paz! Nossa paz agora volta sobre nós!"

Os homens, feito estátuas, nem se mexiam... Ela berrava!


Bati minhas "sandálias-sapato" contra eles com tanta força e tantas vezes que lançava areia na minha própria cara! Areia entre os dentes! Fiquei fora de mim... Eu quase esma­guei um sapato contra o outro! Andei de meias pela rua de areia e se o Emmanuel não me detivesse acho que eu estava até agora lá, me livrando da impregnação daquele chão!

Chorei no carro. Chorei de raiva! Muita raiva!

"Bater as sandálias" é uma experiência horrível (Lucas 10). Significa que eles ouviram e, conscientes, consistente­mente rejeitaram... E, além disso, nenhuma paz fica possí­vel e que, então virá ESPADA. Sim, igreja contra igreja, fi­lhos contra pais, ovelhas contra pastores, autoridade contra autoridade, pois uns crerão e outros não.

Pena que agora a guerra tem cara, nome, placa. Quem está do nosso lado e do lado das crianças está CONTRA o espírito que opera nos "filhos de Helen Ukpabio", da Liberty Gospel Church.

Amigos, amanhã acontecerá nossa CRUZADA FINAL, de despedida, em campo aberto. E nosso único colete à pro­va de balas procede do Espírito que nos cobre. Não temos medo. Mas a polícia já avisou que vai estar lá para evitar confusões. Os sacerdotes que nos apoiam foram convida­dos a sair da toca e comparecer. Veremos.

Por favor, minha gente, orem para que, não impor­tando o que nos aconteça, a palavra de Deus nunca fique presa, mas vá e cumpra o que a Deus apraz fazer!

Estrategicamente, não era hora desse embate declara­do, porque agora podemos ser vigiados e ameaçados, e isso pode atrapalhar o andamento acelerado das coisas. Mas, por outro lado, eu não via a hora nos olhos inimigos e falar na cara:

Eu conheço você! E seu espírito não é de Deus! Nós, discípulos de Jesus, somos bravos como vocês; e vamos embora só quando isso acabar! A gente é igual a vocês e não vai desistir NUNCA! NUNCA!

Guardem esse nome, gritou o Leonardo: WAY TO THE NATIONS! Nunca deixaremos esse país! Até que isso acabe!

Foi a primeira vez que alguém lhes resistiu na face, pois quando o fazem aqui é sempre escondido, em púlpitos distantes e anônimos.

Também foi a primeira vez que alguém nos enfrentou tão frontalmente durante todos esses dias.

E não tiveram medo de nós.

Está acabando... Mas, pelo jeito, nem começamos...

Marcelo


Trecho do Diário Fotográfico Missão Salvar Crianças Bruxas. Pág.  148

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