terça-feira, 30 de julho de 2013

PROJETO OÁSIS NO DESERTO - JULHO 2013 - CAMINHO NAÇÕES - RELATOS DA JORNALISTA TATYANA JORGE





PROJETO OÁSIS NO DESERTO - JULHO 2013
RELATOS DA JORNALISTA TATYANA JORGE
 
 
A NIGÉRIA, A URBANIDADE, O VELHO SÁBIO, OS BRASILEIROS MALUCOS E O MEU CONTÁGIO DE FÉ.
 
 
 
"Fiquei emocionada com a maneira como aquele homem acredita que o povo dele pode e vai ser mais feliz. E me dei conta que aqueles brasileiros "malucos" só tinham largado suas famílias e ido parar na África, porque compartilhavam da mesma crença. Naquele momento, passei a acreditar também."
 
 
Se há um país onde vivem Anjos, este país é a Nigéria. Aliás, ali deve ficar a Sede da Associação Internacional dos Anjos. E como eles têm trabalho para cuidar das pessoas! Acredito que façam hora extra todos os dias. E explico a razão.
 
Primeiro o trânsito é caótico.

Andar de carro lá, só com "muita emoção", como costumamos brincar. As ruas, avenidas e estradas são completamente esburacadas. E quando digo completamente é porque há mais trechos com buracos do que lisos. E cada cratera... Isso quando o lugar é asfaltado, o que é um luxo. A situação é pior no interior. A noite, então, não há iluminação alguma. E como os veículos são muito sucateados, as vezes nem farol têm. Faixas de sinalização eu não vi nenhuma, e acredito que eles aprendam na auto escola ( será que existe isso lá?) a dirigir na contramão em alta velocidade.
 
Fora as motos. Cinco, seis pessoas em cada uma. Isso é normal, assim como não usar capacetes. Acredito até que eles nunca foram apresentados a um. Houve um momento em que os carros estavam lotados, e eu logo me candidatei para ir de moto com outras duas pessoas. ( Só três, em uma motocicleta. Para eles estava sobrando espaço.) E foi uma experiência muito boa. Não sei como o piloto conseguia enxergar alguma coisa no meio da escuridão, eu tentava, mas me parecia impossível. Em compensação, as estrela brilhavam forte no céu, assim como uma lua que parecia tirada de alguma pintura.
 
Quem pilotava não cansava de se desculpar pelos inúmeros e profundos buracos. E eu só pensava: " Esse cara é fera. A gente nem caiu ainda".
 
Sim, vimos de perto um acidente envolvendo duas motos. A passageira de uma delas teve um ferimento leve no joelho, e eu só tinha as mãos um curativo, que ofereci e que ela aceitou toda agradecida. Mas pelo homem que pilotava a outra moto, eu não pude fazer nada. Ele estava todo machucado, com o rosto em carne viva. E o que todo brasileiro pensaria nesta hora? Chama a ambulância! Pois bem, aqui neste país você só tem socorro se pagar por ele. E o homem continuou lá sem que soubéssemos o que fazer. Nem ele sabia. Foi quando outros nigerianos se aproximaram para ajudar.
 
Já de volta ao carro, Michael, um rapaz nascido na Nigéria, que vez ou outra auxilia os voluntários, ficou espantado quando dissemos que no Brasil o homem machucado teria socorro de graça. Queria saber quem pagava por isso. E Tiago, um dos voluntários, explicou que é o governo. "E de onde vem o dinheiro?",questionou o jovem africano. "Dos impostos. Quase 5 meses, do que trabalhamos por ano, são pagos em impostos ao governo", o brasileiro explicou.
 
"Quase o mesmo que o pastor cobra dos pais para que as crianças deixem de ser bruxas", destacou Michael. Eu não tinha me dado conta disso...
 
Com este trânsito para lá de confuso, com gente grande que acredita em crianças bruxas, com assassinatos e torturas, dá para entender porque os anjos têm muito trabalho por aqui.
 
E vez ou outra encontramos um de carne e osso, ajudando aquela gente que tanto precisa. E neste momento me preparo para contar a história de Mister Medekong, o chief (chefe) da região de Oron. Os chiefs são líderes de determinadas áreas. Para tocar o coração de uma comunidade, é preciso antes tocar os deles. Se vestem com uma roupa pomposa, e suas opiniões são muito valorizadas e respeitadas. Alguns aproveitam disso em seu favor, mas Mister Medekong é um exemplo de bondade.
 
Os voluntários o conheceram quando ajudavam alguém em Oron e descobriram que ele também era contra a idéia de crianças serem consideradas bruxas.
 
Fomos então fazer uma visita a este homem de quem eu tanto já tinha ouvido falar bem. Os voluntários entraram na casa dele com a reverência de quem logo estaria diante de um sábio. E minutos depois, quando Mister Medekong entrou na sala, se sentou e começou a falar, percebi que os brasileiros tinham toda razão. Eu estava mesmo diante de um anjo- humano, que nada mais fez do que falar das preocupações com sua gente. Aliás, é dele uma frase recorrente. "Sejam pacientes com meu povo", diz sempre que alguma situação indigna os brasileiros, e com aquele jeitinho, ele consegue melhorar a vida dos seus.
 
O corpo mais franzino do que nas fotos nas prateleiras mostrava que a pneumonia estava maltratando aquele senhor de mais de 70 anos. Um ancião, já que a expectativa de vida da Nigéria é de 47 anos.
 
Fiquei emocionada com a maneira como aquele homem acredita que o povo dele pode e vai ser mais feliz. E me dei conta que aqueles brasileiros "malucos" só tinham largado suas famílias e ido parar na África, porque compartilhavam da mesma crença. Naquele momento, passei a acreditar também.
 
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UMA MANHÃ, UMA CANÇÃO ETERNA, O ALOJAMENTO MELHORADO, AS GRACINHAS SOLIDÁRIAS E A RAINHA.
 
Quando o sol invadiu o cômodo onde dormíamos e me acordou senti uma paz. Olhei em volta e no meio tudo aquilo, quase não entendi a razão.

Resolvi tomar banho. Precisava desesperadamente sentir a água caindo na minha cabeça, mesmo que fosse gelada, como é aqui.
 
Até pouco tempo atrás o banho no orfanato seria de caneca, em uma bica. Mas graças ao trabalho do surfista e também voluntário do Caminho - Nações, Jojo de Olivença, pude tomar banho de chuveiro. Ele construiu dois banheiros completos, com duchas e vasos sanitários. Antes, as crianças tinham apenas um buraco na terra onde faziam as necessidades fisiológicas. Fui até lá ver como era. E confesso que fiquei impressionada com a cena. Nem fossa para coletar as fezes tinha. Ficava tudo ali. O Léo me contou que viu o dia em que uma das meninas entrou ali, e sem espaço limpo, resolveu sair e fazer as necessidades do lado de fora. Tamanha era a sujeira. Mas isso já são águas passadas, para o bem e para a saúde das crianças.
 
De volta ao meu banho, apesar da sensação da água fria percorrendo meu corpo não ser das melhores, me senti aliviada. Só tinha algo que ainda me preocupava. O espaço dentro do banheiro, onde ficam as duchas, construído para as meninas, tinha um muro alto o suficiente para cobri-las, mas não a mim que sou mais alta. Sem luz, com a porta fechada, quase não era possível enxergar. Eu ficava me esgueirando para não ficar a mostra para quem passava lá fora. Foi quando percebi que as meninas, sem que eu precisasse dizer uma só palavra, cercaram o banheiro e não deixaram nenhum menino passar. Eu, que vim aqui com a intenção de ajudá-las, estava sendo ajudada. Só uma das muitas surpresas que teria.
 
A próxima não demorou a acontecer. Ainda no banho ouvi uma voz doce, como a de um rouxinol, a cantarolar algo que me pareceu uma canção gospel. Linda. Quando sai do banheiro, minhas amiguinhas me esperavam com aquele típico e contagiante sorriso. Agradeci o cuidado comigo, e logo procurei a dona daquela voz tão cativante. Regina é o nome dela. Significa Rainha. "My little queen", passei a chama-lá, para a alegria da pequena. Os cabelos curtos, como de todos ali; a pele negra, mas um pouco mais clara; e os olhos amendoados, com um toque de cor de mel, logo me cativaram tanto quanto o sorriso fácil daquela menina doce, que já sofreu tanto. Ela me contou, dias depois, que viu a mãe morrer, e o pai, sem saber o que fazer com ela e com o irmão mais novo, os deixou no orfanato. Me deu um nó na garganta, que engoli dizendo: "Pensa por outro lado, olha quantos irmãos e irmãs você tem agora. Uma família grande e linda. E agora você também tem a gente". Ela olho para o alto como se pensasse no que eu havia dito, abriu um sorriso franco e me abraçou." Sabe aquele nó na garganta, pois é... Nessa hora, deu nó na alma.
 
Dali em diante ela passou a acompanhar todos os meus passos. Assim como a Merci, a Blessing, a Peace, a Victoria e tantas outras garotinhas lindas. Notem que os nomes. O que significam. Quando nasceram, os pais daquelas crianças, hoje órfãs, queriam que elas representasse gratidão, benção, paz, e vitória. Acredito que elas ainda tenham chances de ser tudo isso e muito felizes.
 
E vou explicar melhor a razão depois, quando contar a história de uma outra menina que foi resgatada pelos voluntários...
 
 
Tatyana Jorge - Jornalista da TV Tribuna, integrante da Expedição Oásis no Deserto - Caminho Naçoes.




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