quinta-feira, 19 de junho de 2014

Nota de falecimento- Dona Lacy D`Araujo (mãe do Pastor Caio)

Boa tarde amigos do Caminho da Graça.

Faleceu hoje a mãezinha do Pastor Caio Fabio, Dona Lacy.
Ela estava passando por problemas de saúde havia algum tempo.

Velório e sepultamento acontecerão em Manaus, onde Ela residia.

Vamos estar orando pela Família do Caio.

Abraço a todos e leiam a homenagem do Quintela abaixo.

Wellington Vanzo
(034) 91064250






AS ESTRELAS NÃO TEM CULPA - Homenagem a Dona Lacy D´Araújo


Isabela Boscov, articulista Veja, concluiu de modo interessante sua análise sobre o filme A CULPA É DAS ESTRELAS: "Não importa quanto vivam os seres humanos, eles estão fadados a sofrer a melancolia de todos os futuros que não tiveram. É essa, afinal, a culpa magnífica das nossas estrelas, a de nos fazer querer sempre um pouco mais".

É verdade! É esse o sentimento que mortes na juventude causam a todos. Essa é a tensão-tesão do livro feito filme. Há o lamento por tudo que não foi vivido, pelas impostas reticências ao invés do ponto final. Perdi um amigo pouco depois de formado em Medicina e exatamente no dia de seu casamento. Arrancado assim da vida, com um tiro na cabeça, seu velório teve a atmosfera do assombro da interrupção. Todavia, os velhinhos também não aceitam morrer. Não confessam, mas sofrem da Síndrome de Rita Lee: "não querem luxo nem lixo, seu sonho é ser imortal." De modo geral, sempre se espera por um futuro, mesmo que seja a prostração numa cama diante da televisão, havendo também quem alimente auto-enganos, como uma paciente minha que se voluntariou à África: "Doutor, conte comigo. No futuro, eu vou!" Ela tem 78 anos. Sempre se quer licença para um pouco mais. É essa a chamada "Angústia Essencial" que Freud advertia estar por trás de todos os nossos desejos: a consciência da finitude, que criatura outra alguma no planeta possui (Animais tem instinto de perigo, mas não convivem com uma espécie de contagem regressiva inconsciente, por isso acabam desperdiçando a vida... vivendo mesmo!). O co-autor do livro "1000 lugares para conhecer antes de morrer" morreu sem conhecer metade deles. Ele caiu da escada em casa. A sepultura é irônica, além de insaciável. Meu avô com 90 anos também queria mais. Um dia eu lhe perguntei: "Vô, a vida passou rápido?" "Passou". "Mas você teve tudo: mulheres e esposa, dinheiro, honras, vinho, filhos, amigos, netos, bisnetos...!" "Filho, nunca se está satisfeito e quanto mais perto eu chego da morte, menos a desejo"... Tive pena e perplexidade de saber que o corpo envelhece mas a alma não se sacia de dias... Uma paciente de 85 anos reclamou: "Eu sou a mesma pessoa que te emprestava um livro atrás do outro na sua adolescência. Eu sou eu, ainda; só que dentro de um corpo que não corresponde à lucidez!" - Ela me dizia isso enquanto lamentava os dedos atrofiados que a impediam de virar páginas. Ninguém quer virar a página final, fechar o Livro dos Dias, dar sua história por concluída. Um grande amigo me confessou que na sua lápide quer escrito: "Aqui jaz um contrariado!" 

Entretanto, costumo dizer que todos nós estamos destinados a viver a nossa vida TODA, não importa QUANTO isso signifique, porque a vida não pode ser concebida por sua quantidade de tempo, mas por sua qualidade de existir como GENTE. E quando a vida acabar, ela foi tudo que se viveu e foi todos que se teve! 

Escrevo essas linhas em homenagem à Dona Lacy D´Araújo, mãezinha deCaio Fabio D'Araújo Filho e Ana D'Araujo. Dona Lacy viveu tudo. Teve filhos e perdeu filho. Teve netos e perdeu neto. Teve marido e perdeu marido. Teve dinheiro e perdeu dinheiro. Experimentou todos os tipos de sentimentos que cabem num peito. Também plantou árvores e publicou livro. Dona Lacy morreu hoje como quem recebe a resposta de uma oração, posto que há muito já pedia para partir. Ela queria voltar pra casa, conhecer o PAI, rever os seus, livrar-se da dor, ganhar plenitude, deixar de contar os tempos, ignorar calendários. Para alguns, Dona Lacy morreu em paz por confiar na ilusão da eternidade. Para mim, todavia, ela VIVEU em paz por confiar que tudo que aqui se vive não passa de um prelúdio, e "o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu". Ela era simples e sábia.

Eu quero morrer. Em qualquer dia. Faltando o que tiver faltando fazer, sei que, depois da "passagem", não darei importância alguma ao não-vivido assim que a "morte for absorvida pela Vida". Vovô disse que, no finalzinho, era doce. Não sei. Nem desejo tanto assim, gozar no final. Quero morrer porque preciso! Sou cético dessa vida. Só creio na Ressurreição...rs. "Eu acreditaria em Deus... até se Ele não existisse". Jesus diria acerca da Dona Lacy : "Ela apenas dorme, mas vou despertá-la..." Ele mesmo ansiava, orando, por voltar "à Glória que tinha junto a Ti antes que houvesse mundo." 

Como as estrelas não tem culpa de nada, termino com minha frase preferida sobre morte desde quando lia T.S. Elliot indo pra escola: "E o fim ... será chegar ao ponto de onde partimos, e pela primeira vez conhecer o lugar". 

"Então, já não haverá noite..." Apocalipse 22.5

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